Pequeno, porém forte, a aparência estranha do Bouledogue Francês inspira
grande curiosidade em quem o vê pela primeira vez. As orelhas de
morcego e o tipo de crânio forte, largo e quadrado são características
marcantes neste cão que durante o século XIX, quando era o principal
personagem de combates de touros, o passatempo preferido de
carregadores, cocheiros e açougueiros dos bairros baixos de Paris.
Ao contrário do Buldogue Inglês, de quem provavelmente descende, o
Francês não tem uma expressão agressiva. Os lábios negros, pendentes,
cobrindo totalmente o lábio inferior, fazem com que pareça um pouco
carrancudo, mas ao mesmo tempo, com um ar de permanente disposição para
brincadeiras. Bem balanceado, de constituição compacta e musculosa, o
Bouledogue é acima de tudo, um cão rústico. O seu corpo arredondado e
leve torna-o muito ágil, capaz de impulsos rápidos e grandes saltos.
É tipicamente um molossóide de pequeno porte. Possante para o seu
pequeno talhe, brevilíneo, atarracado em todas as suas proporções, de
pêlo raso, de focinho curto e trufa achatada, de orelhas empinadas, com
uma cauda naturalmente curta. O seu aspecto é de um animal activo,
inteligente, muito musculado, de estrutura compacta e sólida ossatura.
A movimentação faz-se em passadas fluentes, com os membros deslocando-se paralelamente ao plano médio do corpo.
A cabeça é muito forte, larga e cubóide, o revestimento da pele forma
pregas e rugas quase simétricas. A cabeça do Bouledogue Francês é
caracterizada por uma retracção da maxila e o crânio ganhando em largura
o que perdeu em comprimento. O crânio é largo, quase plano com a testa
muito arqueada. Arcadas superciliares proeminentes, separadas por um
sulco sagital particularmente desenvolvido entre os olhos. O sulco não
se prolonga para a testa. A crista occipital muito pouco desenvolvida.
O stop é profundamente acentuado, o focinho apresenta uma cana nasal
larga, muito curta, apresentando pregas centrais simétricas, descendo
sobre os lábios superiores (comprimento 1/6 do comprimento total da
cabeça). A trufa é larga, muito curta, achatada, com narinas bem
abertas, simétricas e inclinadas para trás. A inclinação das narinas bem
como a trufa arrebitada (chamada de "achatada") devendo todavia
permitir a respiração nasal normal.
Os lábios são espessos, um pouco lassos e pretos. O lábio superior
junta-se uniformemente com o inferior e oculta completamente os dentes
que jamais devem estar visíveis. O perfil do lábio superior é
descendente e arredondado. A língua jamais deve ficar à mostra. Faces
com músculos bem desenvolvidos mas sem relevo. Os maxilares são largos,
simétricos e possantes. A mandíbula descreve uma curva ampla,
articulando-se à frente da maxila. Com a boca fechada, a proeminência da
mandíbula (prognatismo) é moderada pela curvatura dos ossos
mandibulares. Essa curvatura é necessária para evitar um afastamento
muito grande da mandíbula. Quanto à mordedura, os incisivos inferiores
de modo algum podem estar atrás dos superiores. A arcada incisiva
inferior é arredondada. Os maxilares não podem apresentar desvio lateral
nem torção. O afastamento das arcadas incisivas não é rigorosamente
limitado, a condição essencial é que os lábios superiores e inferiores
se fechem bem justos de forma a ocultar completamente os dentes.
Os olhos têm uma expressão alerta, inseridos baixo, bem longe da trufa
e, principalmente, das orelhas, de cor escura, bastante grandes, bem
redondos, ligeiramente protuberantes sem deixar aparente qualquer traço
do branco (esclerótica) quando o exemplar olha directo para a frente. A
orla das pálpebras é preta.
As orelhas são de tamanho médio, largas na base e arredondadas na ponta.
Inseridas no alto da cabeça, sem ficarem muito próximas, e portadas
erectas. A abertura da concha acústica é voltada para a frente. A pele é
fina e macia ao toque.
O pescoço é curto, ligeiramente arqueado, sem barbelas. Relativamente
ao tronco, a linha superior é progressivamente ascendente no lombo para
descer rapidamente na direcção da cauda. Esse perfil da linha superior
deve ser almejado por causa do lombo curto. O dorso é largo e musculado.
O peito é cilíndrico e bem profundo, costelas chamadas em barril, muito
arqueadas. Antepeito amplamente aberto. O ventre é retraído sem ser
esgalgado. O lombo é curto e largo e a garupa é inclinada.
Os membros anteriores, vistos de perfil e de frente, são aprumados e
regulares. Os ombros são curtos, grossos, revelando uma musculatura
firme e aparente. Os braços são curtos. Os cotovelos trabalham
estreitamente ajustados rente ao tórax. Os antebraços são curtos, bem
afastados, rectos e musculados. Os carpos e os metacarpos são sólidos e
curtos.
As patas são redondas, pequenas, chamadas pés de gato, bem pousadas no
solo, ligeiramente voltadas para fora. Os dígitos são bem compactos, de
unhas curtas, grossos e bem separados. As almofadas plantares e digitais
são duras, espessas e pretas. Nos exemplares tigrados as unhas devem
ser pretas. Nos branco e rajados e nos fulvos a preferência será pelas
unhas escuras, sem entretanto penalizar as unhas claras.
Os membros posteriores, são fortes e musculados, um pouco mais longos
que os anteriores, elevando, assim o trem posterior. Visto por trás e de
perfil os aprumos são regulares. As coxas são musculadas e firmes, sem
serem muito arredondadas. Os metatarsos são sólidos e curtos. O Buldogue
Francês nasce sem pezunho. Os jarretes são bem curtos, nem muito
angulados nem, principalmente, muito rectos. As patas são bem compactas.
A cauda é curta, de inserção baixa na garupa, rente às nádegas, grossa
na raiz, em espiral ou quebrada naturalmente e afilada na ponta. Mesmo
em movimento, deve ser portada abaixo da horizontal. A cauda
relativamente longa (sem ultrapassar a ponta do jarrete), quebrada e
afilada, é admitida, mas não almejada.